Enquanto o prefeito de Maceió, JHC, e sua esposa, Marina Caldas, exibiam nas redes sociais a chegada do filho recém-nascido com pompa e narrativa idealizada, ressaltando que o parto foi feito “no hospital da cidade” como símbolo de compromisso com a saúde pública, do lado de fora do Instagram, a realidade parece bem menos poética e muito mais dolorosa.
Isabella, uma mãe maceioense como tantas outras, não teve fotógrafo, não teve coletiva, nem recebeu aplausos. Ela teve sangue. Teve dor. Teve medo. E, segundo seu desabafo nas redes sociais, não teve sequer dignidade no atendimento.
“Cheguei com sangramento e dor e saí sem medicação, sem ultrassom, sem ouvir meu bebê.” relatou Isabella.
O depoimento viralizou e, diferentemente do ensaio bem produzido da primeira-dama no hospital municipal, o vídeo de Isabella é cru, real, e representa a ferida aberta de uma saúde pública seletiva que parece servir apenas a quem pode gerar engajamento nas redes sociais.
A denúncia escancara o abismo entre a propaganda e a prática. Mostra que, enquanto a elite do poder vive em um país de fantasias políticas cuidadosamente editadas para a internet, o povo de verdade continua enfrentando filas, descaso e humilhação. A mesma unidade de saúde usada como palco para a fotografia perfeita foi a mesma que, de acordo com Isabella, negou escuta, exame e cuidado básico a uma mãe em situação de urgência.